Quando tudo - que se espera - está no céu...




Quando tudo terminou, o céu se apagou e os seus olhos que sorriam se fecharam, pra nunca mais.


Quando tudo terminou, o mar desapareceu de mim e os seus braços, que se estendiam em paz, cruzaram-se pra nunca mais.


Quando nem mesmo ouvimos o som do adeus; quando meu coração, que sempre batera em festa, parou, esperando ouvi-la por mais uma vez.


Quando tudo se desfez em areia; quando não mais se ouvia a canção, tornei-me fantasma, a vagar pela escuridão, à procura do que perdi.


Ah, como olhei para o céu, à procura de uma nuvem, que pudesse ser o nosso ninho; Como olhei pra o mar e pensei em navegá-lo, junto a ti.


Oh meu Deus, como imaginei que tudo poderia ser diferente.


Como me doei em versos e prosas e nesta cilada do amor restou-me a dor. Dor doída de matar, dor sem fim.


Como desejei acordar e descobrir que não era real tamanho sofrer, mas eram, eram verdadeiramente reais os hematomas da dor.


Irreais, somente, o meu acreditar, o meu sonhar e o meu querer.


Ah, como o meu coração tão perdido; tão imperfeito; tão abandonado, vagou em escuridões da insistência em querer saber: - Por quê?


E depois de tantas incertezas, olhei para o céu, e lá estava ele, em brancas nuvens.  Sofrer, nunca mais.


E quando tudo terminou, o céu se apagou e a lua surgiu pra mim.


E quando tudo terminou, o céu se apagou e as estrelas cobriram-me em cores.


Ah! Deus existe.


Obrigado! Tu foste minha bailarina, minha menina, minha atriz.


Por acaso te encontrei e, neste acaso, me espalhei em seu universo.


Viajei em sonhos e canções.


Perdi o rumo, fui tolo, talvez um esquisitão.


Celebrei o mês de agosto, sofri mês sim e o outro não.


Escrevi prosas e poemas.


Desenhei seu rosto em areias praianas.


Delirei em searas inventadas;


Subi em montanhas, só para gritar teu nome.


Ainda a tenho no céu de minha boca;


Ainda a tenho perto de mim;


Ainda a tenho como a primeira vez que te encontrei naquela estação.


Obrigado, minha menina, obrigado minha pequena de tantos versos e prosas.


Obrigado pelo silêncio e de se permitir por tanto tempo ficar na sombra de meus poemas.


Obrigado por entender meu querer provocado, minha dor inexistente, meu sofrer apaixonado.


Obrigado por compreender os meus textos na primeira pessoa, por permitir viagens tolas e provar-me o quanto eu estava enganado.


Hoje, viro a página. Faço outro caminho. Sigo outro destino.


Adeus, minha menina, minha pequena, minha atriz.


Que, por muitos outros nomes, foi trocada neste meu reino encantado.


Adeus minha cúmplice de todas as horas, adeus.


Adeus meu céu de todas as cores.


Adeus minha estrela do norte, adeus...


Adeus minha pequena Ana, minha Ana Beatriz, que um dia foi Maria só pra deixar-me feliz.


Adeus...Adeus...Adeus.

Paulo Francisco













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